ATA DA
OCTAGÉSIMA NONA SESSÃO ORDINÁRIA DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA
LEGISLATURA, EM 26.08.1987.
Aos vinte e
seis dias do mês de agosto do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se,
na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto
Alegre, em sua Octagésima Nona Sessão Ordinária da Quinta Sessão Legislativa
Ordinária da Nona Legislatura. Às quatorze horas e quinze minutos foi realizada
a segunda chamada, sendo respondida pelos Vereadores Aranha Filho, Artur
Zanella, Auro Campani, Bernadete Vidal, Ennio Terra, Caio Lustosa, Cleom Guatimozim,
Clóvis Brum, Flávio Coulon, Frederico Barbosa, Getúlio Brizolla, Gladis
Mantelli, Hermes Dutra, Ignácio Neis, Jacques Machado, Jorge Goularte, Kenny
Braga, Lauro Hagemann. Luiz Braz, Mano José, Nilton Comin, Paulo Sant’Ana,
Paulo Satte, Pedro Ruas, Rafael Santos, Raul Casa, Teresinha Irigaray e Werner
Becker. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos
os trabalhos e determinou ao Ver. Hermes Dutra que procedesse à leitura de
trecho da Bíblia. A seguir, o Sr. Secretário procedeu à leitura das Atas da
Octagésima Oitava Sessão Ordinária e da Vigésima Quarta Sessão Solene que,
juntamente com a Ata da Octagésima Sétima Sessão Ordinária, foram aprovadas. À
MESA foram encaminhados: pelo Ver. Aranha Filho, 02 Pedidos de Informações,
acerca de qual a atual composição do Quadro Funcional do Departamento de
Esgotos Pluviais, os equipamentos que possui e qual a situação ideal para a
funcionalidade deste Departamento bem como quais as gestões do Executivo
Municipal quanto ao mesmo; acerca dos devedores da dívida ativa do Imposto
Sobre Serviços de Qualquer Natureza, pessoa física e jurídica; 01 Projeto de
Lei do Legislativo nº 74/87 (proc. nº 1835/87), que denomina Rua Orlando Aita
um logradouro público; pelo Ver. Artur Zanella, 01 Projeto de Lei do
Legislativo nº 76/87 (proc. nº 1857/87), que autoriza o Poder Executivo a
conceder o abono instituído pelo Decreto-Lei Federal nº 2352, de 07.08.87, a
funcionários estatutários; pelo Ver. Ennio Terra, 01 Pedido de Providências,
solicitando que seja reaberto, aos domingos, o Mercado Público Municipal de
Porto Alegre; pelo Ver. Getúlio Brizolla, 02 Indicações, sugerindo ao Sr.
Governador do Estado que a Companhia Estadual de Energia Elétrica proceda a
retirada de cabo de aço que sustenta o poste de iluminação defronte ao nº 891
da Rua Clemente Pinto; a instalação de um telefone público, tipo orelhão,
defronte à creche situada na Rua Canela, 180; pelo Ver. Jaques Machado, 02
Pedidos de Providências, solicitando troca de lâmpadas queimadas na Rua Indianápolis,
em frente ao nº 120; conserto do calçamento da Rua Augusto Porto Alegre,
próximo ao nº 36, quase esquina Avenida dos Gaúchos; pelo Ver. Nilton Comin, 03
Pedidos de Providências, solicitando limpeza na Av. Nilo Peçanha, em frente dos
edifícios nºs 242 e 350; desentupimento da fossa existente na Rua Maestro Leo
Von Schneider nº 215; troca de lâmpadas queimadas na Rua Ciro Gavião, no Bairro
Bella Vista, no trecho compreendido entre a Av. Nilo Peçanha, próximo ao
Edifício Rafael Sanzio na Av. Nilo Peçanha nº 242, com a Rua Taufick Saadi. Do
EXPEDIENTE constaram, Ofícios nºs 01/87, da Sra. Presidente da Comissão
Especial Pró-Eleições Diretas em 1988; 1635/87, da Sra. Eunice Frantz Becker,
Chefe da Procuradoria Estadual; s/nº, da Família de Bem Osório; Carta da
Associação Rio-grandense de Técnicos em Administração Fazendária Municipal de
Santa Maria. Em GRANDE EXPEDIENTE o Ver. Auro Campani falou sobre a
possibilidade de greve dos funcionários da Companhia Estadual de Energia
Elétrica, a partir do próximo fim de semana, discorrendo sobre as conseqüências
que poderá acarretar este movimento, tendo em vista que o mesmo terá reflexos
em todos os setores da vida gaúcha e declarando sua preocupação de que o
Governador Pedro Simon não consiga resolver o impasse. Atentou para os aumentos
tarifários de energia elétrica, concedidos pelo Governo, salientando o ônus que
isso vem representando para a população. O Ver. Frederico Barbosa teceu
comentários acerca do estado precário em que se encontram os abrigos de usuários
dos transportes coletivos em Porto Alegre, salientando, em especial, aqueles
encontrados na Praça XV, destacando os prejuízos que isso acarreta à população
e solicitando da Secretaria Municipal dos Transportes uma maior fiscalização
para que sejam evitadas as constantes depredações destes abrigos e seja
garantida uma melhor manutenção dos mesmos. O Ver. Caio Lustosa discorreu sobre
a crise habitacional que enfrentam os grandes centros urbanos, analisando as
conseqüências desta situação, principalmente as invasões de conjuntos
habitacionais que vêm ocorrendo no Estado. Falou sobre a constituição da
“Frente Gaúcha pelo Direito de Morar”, dizendo da forma de atuação e dos
objetivos da mesma e atentando para a importância de um esforço conjunto de
auto-organização de parte dos grupos responsáveis por estas invasões, na busca
de soluções concretas para seus problemas habitacionais. E o Ver. Werner Becker
falou acerca de reunião realizada esta manhã, entre o Pref. Alceu Collares e a
Bancada do PDT, sobre o Projeto Praia do Guaíba, lamentando que esta reunião
tenha sido realizada sem a participação de toda a Casa e atentando para a
necessidade de que o mesmo seja discutido de forma clara e aprofundada entre os
vários setores envolvidos na questão. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER o Ver. Werner
Becker deu continuidade ao seu pronunciamento em Grande Expediente, acerca de
reunião mantida esta manhã, entre o Pref. Alceu Collares e a Bancada do PDT,
analisando o assunto. Declarou seu protesto à nota publicada no Jornal Instituto
de Arquitetos do Brasil, subscrita pelo Arq. Rômulo Krafta, onde é criticado o
trabalho desta Casa quanto ao 1º PDDU, lamentando as declarações de S. Sa. e
solicitando um debate público para o esclarecimento do assunto. O Ver. Cleom
Guatimozim reportou-se ao pronunciamento, de hoje, do Ver. Werner Becker,
acerca de reunião realizada esta manhã, entre o Pref. Alceu Collares e a
Bancada do PDT, dizendo que, na ocasião, foram discutidas as tramitações de
vários projetos na Casa e não apenas daquele relacionado à Praia do Guaíba.
Teceu comentários sobre os vários posicionamentos que estão sendo assumidos
pelos mais diversos setores acerca do Projeto Praia do Guaíba. O Ver. Jorge
Goularte teceu comentários sobre o Projeto Praia do Guaíba, declarando que o mesmo
será devidamente estudado pela sua Bancada. Disse que apresentará Substitutivo
ao Projeto de Lei da Ver.ª Teresinha Irigaray, em tramitação pela Casa, que
regulariza o horário de abertura e fechamento dos estabelecimentos comerciais
no Município, salientando que seu Substitutivo garantirá aos próprios
estabelecimentos comerciais as decisões quanto ao horário de trabalho, desde
que sejam garantidos os direitos trabalhistas. O Ver. Flávio Coulon discorreu
sobre reunião realizada, hoje, entre o Pref. Alceu Collares e a Bancada do PDT,
acerca do Projeto Praia do Guaíba, atentando para o fato de ter saído na
imprensa que a reunião seria com as Lideranças da Casa e para a necessidade de
amplos debates para que a população seja devidamente esclarecida sobre este
Projeto. O Ver. Raul Casa falou sobre as discussões que estão sendo realizadas
em torno do Projeto Praia do Guaíba, salientando que este projeto ainda não se
encontra em tramitação na Casa e analisando os vários posicionamentos,
favoráveis ou não, que estão sendo assumidos pelos diversos setores envolvidos
na questão. E o Ver. Hermes Dutra comentou pronunciamentos feitos, hoje, por
vários Parlamentares da Casa, acerca da reunião mantida entre o Pref. Alceu
Collares e a Bancada do PDT, sobre o Projeto Praia do Guaíba, lastimando que a
mesma não tenha sido em conjunto com as demais Bancadas, em vista da
importância de profunda discussão deste projeto. Lamentou declarações feitas ao
Jornal do Instituto de Arquitetos do Brasil, pelo Arq. Rômulo Krafta, onde é criticada
a atuação da Casa quanto aos projetos relativos ao 1º PDDU. A seguir,
constatada a existência de “quorum”, foi iniciada a ORDEM DO DIA. Em Discussão
Geral e Votação esteve o Projeto de Lei Complementar do Legislativo nº 05/87,
que teve sua discussão e votação adiadas por uma sessão a Requerimento,
aprovado, do Ver. Hermes Dutra. Ainda, foram aprovados os seguintes
Requerimentos: do Ver. Artur Zanella, de Voto de Congratulações com Cláudio
Monteiro, pelo ingresso nos dois programas da Farroupilha: “O Despertador” e “O
Programa da Alegria”; de Voto de Pesar pelo falecimento de Maria Hinda Halpern;
do Ver. Ennio Terra, de Voto de Congratulações com a Casa do Poeta
Rio-Grandense, pela passagem de seu 23º aniversário de fundação; do Ver.
Frederico Barbosa, de Votos de Congratulações com Fernando Roese, pela
conquista da Medalha de Ouro nos “X Jogos Pan-Americanos” de Indianápolis, na
modalidade de Tênis Masculino; com Valdo Cândido Filho, pela conquista da
Medalha de Ouro nos “X Jogos Pan-Americanos” de Indianápolis, na modalidade
Futebol; com a Associação Brasileiro de Agências de Propaganda, pela passagem
de seu aniversário; com o Grupo Ipiranga, pelo cinqüentenário de fundação da
Refinaria Ipiranga; com a Associação Riograndense de Imprensa, pela passagem do
Dia da Imprensa; do Ver. Hermes Dutra, de Voto de Congratulações com a
Sociedade Portuguesa de Beneficiência, pela reeleição a Presidente do
Engenheiro Antônio Carlos Pereira de Souza; do Ver. Jorge Goularte, de Voto de
Congratulações com o Grande Oriente do Rio Grande do Sul, as Grandes Lojas e o
Grande Oriente do Brasil, pela passagem do “Dia do Maçon”; do Ver. Mano José,
de Votos de Congratulações com o Clube de Mães Nossa Senhora do Perpétuo
Socorro, pela passagem de seu aniversário; com o Coral da Universidade Federal
do Rio Grande do Sul, pela passagem de seu aniversário; do Ver. Pedro Ruas, de
Votos de Congratulações com o Dr. Reginald Felker (Advogado), pelo sucesso
obtido pelo 10º Congresso Nacional de Advogados Trabalhistas; com Plauto Emídio
Rocha da Silva, por sua eleição como Presidente da Associação dos Moradores da
Vila das Laranjeiras. Ainda, foi apregoado pelo Sr. Presidente, Requerimento do
Ver. Cleom Guatimozim, solicitando que o Projeto de Lei do Executivo nº 38/87
seja considerado em regime de urgência, o qual deixou de ser votado em face da
inexistência de “quorum”. Na ocasião, foi solicitada, pelo Ver. Caio Lustosa,
verificação de “quorum”. Constatada a inexistência de “quorum”, o Sr.
Presidente levantou os trabalhos às dezesseis horas e vinte e quatro minutos,
convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora
regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Teresinha Irigaray,
Luiz Braz, Gladis Mantelli, Jaques Machado e Jorge Goularte, o último nos
termos do art. 11, § 3º do Regimento Interno, e secretariados pelos Vereadores
Gladis Mantelli, Frederico Barbosa, Jaques Machado e Jorge Goularte, o último
como Secretário “ad hoc”. Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária, determinei
fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será
assinada pelo Sr. Presidente e por mim.
A SRA. PRESIDENTE: O Ver. Auro Campani está com a palavra em
GRANDE EXPEDIENTE
O SR. AURO CAMPANI: Sra. Presidente, Srs. Vereadores. Venho hoje a esta tribuna ocupar o espaço do Grande Expediente, trazendo um assunto que está preocupando toda a comunidade rio-grandense. Estamos na iminência de uma greve dos funcionários da CEEE. É um assunto que nos preocupa, porque já tivemos uma experiência muito chocante para o nosso Estado, a última greve dos professores. Observamos a incompetência administrativa do atual Governo, que, na última greve dos professores, criou um problema seríssimo para os alunos de nosso Estado, com uma paralisação de noventa dias. Agora, vemos aí a greve que está às portas do Estado, dos funcionários da CEEE. É uma coisa que nos preocupa muito porque, veja bem, se houver uma greve dos funcionários da CEEE, teremos a paralisação, praticamente, de todas as atividades econômicas do Estado. Praticamente na área da indústria, do comércio e, quem sabe lá, até nas áreas de serviço de saúde e atendimento hospitalares, embora os jornais estejam dizendo que os funcionários não paralisarão esses serviços. Mas é uma preocupação muito grande.
Somamo-nos à greve dos funcionários porque é uma reivindicação de salários, é justa. Inclusive, promessas do Governo, em campanha, já foi um incentivo nesse serviço, principalmente na área de salários dos funcionários da CEEE.
Uma coisa que nos preocupa muito e que gostaríamos de que o Governo esclarecesse isso. Por isso, venho aqui a pedido da população de Porto Alegre hoje: como pode um Governo que está hoje no comando desta Nação, em nível nacional, estabelecer reajustes em mais de trezentos por cento no consumo de energia elétrica? A população não têm mais condições de pagar as suas contas de luz, porque vemos aí contas de trezentos, quatrocentos cruzados passarem para mil e duzentos, mil e quatrocentos cruzados. Existem filas hoje nos postos da CEEE reclamando e querendo uma explicação para esse aumento exagerado. Mais uma vez estamos vendo o desgoverno neste País. O plano econômico estabelecido pelo Governo atual, o qual congela mais uma vez os salários do trabalhador e não consegue controlar nem os preços dos serviços do Governo.
Essa preocupação que temos, inclusive, é uma preocupação muito grande,
que vem diretamente influir no salário do trabalhador. Onde está o repasse da
inflação dos últimos meses após o último gatilho? Não há repasse, há um congelamento
de salário. No entanto, os serviços públicos, os serviços do Estado. Não esses
serviços que o Governo pode controlar. Estamos vendo aí o aumento das contas de
luz ultrapassar a casa dos 300%, quando, no salário do trabalhador, não houve
reajuste nenhum. Estamos aí na iminência de uma greve que vai paralisar o
Estado e vai atingir, fundamentalmente, a atividade econômica do nosso Estado
que já se encontra falida e, se vier a ocorrer, será a derrocada final, a
decretação total da derrocada do nosso Estado. E mais uma vez vamos assistir a
incompetência deste Governo na sua administração.
O Sr. Raul Casa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vejo com extrema
preocupação esta greve, porque, a par dos problemas na indústria e no comércio,
quero dizer que o número e a quantidade de alimentos perecíveis que poderemos
perder causará um dano incalculável à economia do Rio Grande e, principalmente,
criando condições adequadas à proliferação de doenças e de alimentos sem
condições de consumo. Eu tenho certeza de que o Estado haverá de encontrar uma
solução. É uma greve num setor altamente sensível, e estranho muito que até
agora as partes não tenham chegado a um consenso.
O Sr. Nilton Comin: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) As preocupações
de V. Exa. podem ser consideradas válidas, como homem público, mas o Governo de
nosso Estado está atento para que haja um acordo entre os trabalhadores da
Companhia citada por V. Exa. e o Governo. Mas posso dizer o seguinte, que caos
no Rio Grande do Sul, no Governo Pedro Simon, tenho a certeza de que não vai
ocorrer.
O SR. AURO CAMPANI: V. Exa. tocou num ponto que é o motivo maior da nossa preocupação,
porque o Governo não conseguiu contornar, durante 90 dias, uma greve dos
professores do Estado, que criou todo um problema às comunidades, às crianças.
Acredito que o atual Governo não tenha competência política de contornar este
fato. Não estamos aqui nos colocando contra o direito de greve dos funcionários
da CEEE, que é um direito adquirido, um direito justo, por uma reivindicação de
salários melhores. A nossa preocupação é com a incompetência já comprovada do
atual Governo do PMDB de não conseguir contornar esses problemas. Pois, veja
bem, se tivermos aí uma greve, que é uma reivindicação justa dos funcionários
da CEEE por melhor salário, uma greve no setor fundamental para o progresso do
nosso Estado. Temos um passado recente, a greve dos professores.
O Sr. Nilton Comin: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) O Governo Brizola
enfrentou o mesmo problema. É natural que, num momento de transição, todos os
governos enfrentem esse mesmo problema. Agora, a preocupação de V. Exa. eu acho
válida.
O SR. AURO CAMPANI: O enfrentamento a esse tipo de problema é natural, quando há uma
reivindicação de melhores salários, mas, tanto no Governo Brizola, quanto na
nossa administração municipal, essas questões foram contornadas em nível de
negociação. Nós não tivemos uma greve como foi a dos professores. Agora, V.
Exa. imagina se paralisarmos os serviços da CEEE durante 90 dias, como o
período de greve dos professores, por uma incapacidade política de administrar
a greve.
O Sr. Raul Casa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Eu fico eufórico
ao ver a opinião de V. Exa., só que não a vi de público externada com relação à
greve do Município. De outro lado, eu imaginava que, quando o Governo Pedro
Simon assumisse, pela vivência dos problemas do Estado, pela sua amizade no plano
federal, ele assumiria e, no dia seguinte, iria começar a modificar o Rio
Grande, iria começar a dar ao Rio Grande a feição do PMDB e está dando.
O SR. AURO CAMPANI: Nesta colocação V. Exa. tem razão. Está mostrando realmente o
posicionamento de um Governo que veio para trazer ao Rio Grande uma
desestabilização maior do que vivemos no momento atual. A tendência nos mostra,
temos que ser práticos, vamos fazer uma amostragem, estatística, dos momentos
atuais vividos pelo atual Governo. Os exemplos do passado nos mostram que a
tendência é de, de repente, nós termos uma paralisação de uma categoria que é
fundamental para nós, principalmente para a atividade econômica do Estado. V.
Exa. imagine se nós paralisarmos os serviços de energia elétrica por uma semana,
trinta dias? É o caos do Rio Grande do Sul. Pura incompetência administrativa
do atual Governo do PMDB.
O Sr.
Flávio Coulon: V. Exa. permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Auro Campani, em termos de passado, não
podemos dialogar muito, porque ambos reprimimos os movimentos grevistas. A
Prefeitura teve mais sorte, porque pagou o funcionalismo mais enfraquecido e se
entregou antes. Nós tivemos mais azar, porque pegamos uma organização como o
CPERGS, que é o maior sindicato da América Latina e que manteve a luta. Muito
bem. Em matéria de presente, eu quero lembrar a V. Exa. que este desejo de
parar o Estado, de apagar a luz, é o desejo íntimo do Dep. Antônio Barbedo, do
PDT, da Bancada do PDT e de todo o PDT do Estado. Vocês estão querendo que isto
aconteça, mas eu posso assegurar a V. Exa. que não vai acontecer isso. Eu
gostaria de ouvir uma palavra de V. Exa., também, a respeito da influência do
Ministério de Minas e Energia nesta situação toda. V. Exa. está colocando toda
a problemática em termos de Governo Simon e está esquecendo que nós somos
caudatários de uma política de energia que é ditada mais em cima.
O SR.
AURO CAMPANI: Uma política de energia
que está sendo também conduzida pelo seu Governo. Então, vejam bem, a condução
destes problemas, como V. Exa. colocou, dizendo que o PDT por intermédio de um
legislador do nosso Partido está querendo conduzir a paralisação do Estado, V.
Exa. está equivocado. Nós estamos, aqui, através deste nosso representante,
reivindicando melhores salários para uma categoria que, inclusive, V. Exa. bem
se lembra, o seu próprio Governador, em campanha, era favorável às
reivindicações. No campo da energia e do funcionalismo, fez estas colocações e,
agora, está fugindo aos seus compromissos. A preocupação que nós temos não é de
paralisar o Estado, pelo contrário, nós estamos aqui, inclusive eu nesta
tribuna, nos somando às reivindicações dos funcionários, mas muito mais
preocupados com a paralisação. Nós queremos o atendimento às reivindicações do
funcionalismo, mas queremos também que o Governo tenha a sensibilidade e a
capacidade política de administrar estas questões. Se houver a paralisação de
uma semana de energia elétrica, teremos o caos no Estado do Rio Grande do Sul,
inclusive existem orientações de que há setores de energia que precisam de 48
horas para que possam voltar a sua capacidade de 100% de trabalho. Imaginem, se
houver essa paralisação no Estado, o que vai ser? Nós, do PDT, não queremos
isso; pelo contrário, queremos que haja o atendimento às reivindicações dos
funcionários, para que não aconteça essa paralisação. Caso o Governo se mostrar
incompetente e irredutível ao atendimento, nós nos somaremos à reivindicação do
trabalhador, porque o PDT está sempre à frente nas lutas, pelas reivindicações de
melhores salários. Como o Governo autoriza aumentos de contas de luz que
ultrapassam a 300%, quando o próprio salário do trabalhador está congelado? Há
um congelamento de salário do trabalhador, quando os preços dos serviços
públicos, administrados pelo Governo não têm controle! Esta é a questão. Então
estamos preocupados porque não há um plano econômico coerente e correto, pois
congela o salário do trabalhador e libera os preços dos seus próprios serviços
e, ao mesmo tempo, está aí, por uma incapacidade administrativa, a iminência da
paralisação de setores fundamentais para o Estado do Rio Grande do Sul. Há uma
incompetência administrativa.
O Sr.
Flávio Coulon: Retire a incapacidade
administrativa!
O SR.
AURO CAMPANI: Nós tivemos, há pouco,
a paralisação de uma classe fundamental para a educação na Cidade! Nunca houve
isso no País! Então, há uma preocupação do PDT, em relação a essa paralisação
que poderá ocorrer, a partir de hoje, inclusive.
O Sr.
Aranha Filho: V. Exa. permite um
aparte? (Assentimento do orador.) Sinceramente, não acredito que essa greve vá
acontecer, principalmente conhecedor dos problemas dos eletricitários, também
conheço a consciência funcional de cada um deles. Não estou nem pensando na
indústria, no comércio e nos serviços, estou pensando na luz de toda a
população e no grande caos que irá acontecer. Tenho consciência de que essa
greve, a tal ponto de apagar a luz e fazer um blecaute total no Estado do Rio
Grande do Sul, jamais irá acontecer, pela consciência dos eletricitários. Apesar
da incompetência e incapacidade administrativa por parte do PMDB, que V. Exa.
está apregoando, eu estou aqui de Dr. Silvana, analisando todo este problema,
tanto da administração municipal, como da estadual. Mas veja que, ao mesmo
tempo em que V. Exa. está vislumbrando, quase que com uma bola de cristal na
frente, que irá acontecer a greve, eu fico lembrando que, há uma semana atrás,
dois Vereadores da Bancada de V. Exa. disseram que as passagens não iriam
aumentar, porque o Prefeito Alceu Collares não iria permitir.
O SR.
AURO CAMPANI: Mas V. Exa. não pode
esquecer que foi um Decreto do seu Governo.
O Sr.
Aranha Filho: Mas há diversas
Prefeituras que não estão aceitando o aumento. Para encerrar, digo a V. Exa.
que está autorizado a descer dessa tribuna. Desça, se quiser.
O SR.
AURO CAMPANI: V. Exa. está trazendo
aqui uma colocação de uma coisa que o seu Governo instituiu. Eu acho um absurdo
isto. E agora vem dizer que nós, do PDT, estamos com uma bola de cristal,
prevendo uma paralisação! Deus queira que isso não aconteça. A nossa
preocupação é de que não haja essa paralisação, mas que nos somemos ao
movimento dos funcionários, pois é uma reivindicação de melhores salários. E
que o Governo tenha a sensibilidade de contornar esta situação. Esta é a preocupação
do PDT. Muito obrigado.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): A Ver.ª Bernadete Vidal cede seu tempo ao Ver.
Frederico Barbosa, que tem a palavra.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Um dos problemas
que afligem a população, principalmente a população usuária do transporte
coletivo de Porto Alegre, é a péssima situação em que se encontram os abrigos
nas mais variadas paradas de nossa Cidade; em cada local onde necessariamente
se deveria encontrar um abrigo que, pelo menos, proteja alguns daqueles que
aguardam o transporte coletivo, seja da chuva ou do sol, encontra-se, na
maioria das vezes, verdadeiras sucatas de abrigos à disposição da população que,
em muitos casos, para conseguirem abrigar-se, deverão fazer uma verdadeira
gincana, porque não são poucos aqueles que estão tortos, quebrados, virados e
outras coisas. Os abrigos colocados na Praça XV fazem parte desta relação de
verdadeiras sucatas à disposição da população de Porto Alegre, pois estão
quebrados, estragados e com um item extremamente interessante: o abrigo para
ter sua plataforma quebrada, segundo me consta e assim entendo, não é quebrado
pela sua população, principalmente nos corredores de acessos de terminais como
o da Praça XV. Não tenho visto, nunca vi e acho que nunca verei um usuário do
transporte coletivo pendurado no abrigo, derrubando ou agredindo o abrigo, em
compensação, os abrigos estão tortos, quebrados e mutilados. Parece que os
abrigos são mutilados, quebrados e entortados pelo próprio transporte coletivo,
com as manobras que fazem nos locais, e principalmente cito o terminal da Praça
XV e da Praça Parobé. Nesse ponto, quero lembrar ao Plenário, e acho que já
contei esta história, e alguns Vereadores, pelo menos, o Hohlfeldt assistiu
comigo, na oportunidade em que o Secretário Municipal dos Transportes
apresentou a este Vereador e ao Ver. Antonio Hohlfeldt - e se algum outro
Vereador estava junto eu não lembro e peço desculpas - aquela idéia lançada de
um terminal no subsolo da Praça Parobé, naquela oportunidade, foram
representados slides aos Vereadores presentes, e, surpreendentemente, o abrigo
da Praça XV, que apresentava o slide, continha, nada mais, nada menos, do que
uma caixa de madeira, certamente usada por um dos vendedores ambulantes das
imediações, uma caixa que não deu para visualizar se de uva, de maçã, ou de
laranja, mas uma caixa daquelas grandes usadas. Imediatamente solicitei ao
Secretário a data do slide apresentado. Isto há três meses atrás. Para minha
surpresa, o slide era de três dias antes da apresentação. Solicitei
delicadamente ao Sr. Secretário que enviasse imediatamente à Praça XV um fiscal
para examinar se, nesses três dias, a caixa ainda estava lá ou se já tinha
caído na cabeça de algum transeunte. Dou esse exemplo porque me foi apresentado
no auditório da Secretaria Municipal dos Transportes, em audiência oficial em
que o Secretário dos Transportes resolveu apresentar os projetos da Praça XV e
Parobé aos Vereadores. Assim é possível notar as condições dos abrigos da
Cidade. Com este pronunciamento, gostaria de solicitar ao Executivo Municipal,
e muito especialmente ao companheiro Elói Guimarães, que determinasse uma
fiscalização nessa área. Se minha idéia está correta, se não é a população que
está quebrando os abrigos na parte de cima, alguém está fazendo isso e me
parece ser o próprio transporte coletivo, que deve ser responsabilizado por
isso. Não posso acreditar que esses abrigos estejam quebrados por conta das
intempéries. É claro que alguns podem ter sido atingidos por vendavais e não
mais do que por vendavais, pois nem mesmo a chuva de granizo que caiu há poucos
dias é suficiente para derrubar, entortar ou quebrar um abrigo que está à
disposição da população, a não ser que seja da pior espécie possível o material
usado.
O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Justiça seja
feita, o Secretário Elói Guimarães está preocupado com o problema dos abrigos.
Há um estudo no sentido de um novo tipo de abrigo, que espero chegue a esta
Casa com pareceres favoráveis da SMAM, SMT, que tenham toda boa vontade em
colaborar no sentido de que resolvamos o problema, mas trago um adendo ao
pronunciamento de V. Exa. no sentido de que, somando a sua preocupação pela
parte de cima do abrigo, nós também temos uma preocupação pela parte de baixo
dos abrigos. Eis que em muitos locais - eu cito como exemplo aqui o abrigo que
atende a Câmara Municipal, aqui na frente -, nos dias de chuva, o pessoal fica
dentro da água. Então, acho que nós temos que dar uma verificação nosso. A
Osvaldo Aranha também, inclusive já fiz um pronunciamento a respeito disso e
levei a preocupação à SMOV, e a alegação é de que não há dinheiro, mas acho que
é possível, a partir do Governo Municipal, um diálogo com as empresas, as lojas
da Av. Osvaldo Aranha, no sentido de que se calcem aqueles canteiros. Aqui em
frente, no sentido que coloquem uma camada de brita para que o pessoal não
fique absolutamente dentro d’água como a maioria das paradas hoje em dia em
Porto Alegre. De modo que é este adendo que eu gostaria de fazer, e a Ver.ª
Teresinha Irigaray está tomando nota para levar à SMT a nossa sugestão.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Meus agradecimentos à Ver.ª Bernadete Vidal, que
chega agora ao Plenário, pela cedência de tempo.
Eu gostaria de dizer, Ver. Coulon, que fiz bem em não
encerrar rapidamente o meu pronunciamento como disse, porque V. Exa. me auxilia
e, quem sabe, nós possamos, agora, já criar uma segunda idéia.
Em primeiro lugar, tenho o conhecimento, como V. Exa.
também tem, já dialogamos sobre isso, sobre o projeto dos abrigos, que
certamente ou, pelo menos, creio eu, deverá vir a esta Casa e necessariamente
teria que vir para a concessão de colocação de abrigos na Cidade e,
conseqüentemente, com anúncios, propagandas, etc. A minha preocupação é que
esse projeto demore, acho até certo ponto sem conhecer, conhecendo apenas a
idéia de que é um bom projeto, desde que venha, como disse o Ver. Coulon e
certamente o Ver. Caio Lustosa também diria melhor do que eu, diria também
tentando interpretar V. Exa. e tem o direito o Vereador, com um belo e concreto
parecer da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, evidentemente, para aquela
instalação, problema de poluição visual, etc.
Agora, o que poderia ser feito, Ver. Flávio Coulon, em
primeiro lugar, é que a minha solicitação é que a Prefeitura, mesmo que pense
em instalar abrigos com concessão e, certamente, se concessão, melhores, ou
pelo menos com melhor conservação, em caso de deterioração, mantenha uma
fiscalização, porque, se nós tirarmos os abrigos dos lugares aonde estão,
principalmente nesses corredores que são estreitos, tipo da Praça XV, nessas
entradas de ônibus, e os ônibus continuarem batendo, ou se alguém me jurar que
não são os ônibus, que alguém se pendura, que alguém quebra, etc., certamente
tanto os da Prefeitura, colocados pela SMT, quanto os futuros, estarão
deteriorados. Esta é a preocupação. Como fazer uma efetiva fiscalização neste
sentido? Em segundo lugar, Vereador, quem sabe V. Exa. se com o que disse já
prepara, e eu me coloco à disposição para preparar também, se assim não estiver
contendo o texto do projeto que chegará a esta Casa, conforme já se fala dos
abrigos, quem sabe a concessão seja dada para a colocação do abrigo e
conseqüentemente para a reparação do terreno que abriga o abrigo, ou seja,
ninguém poderá colocar um abrigo com propaganda num local onde tem um buraco;
certamente se estabeleça que se coloque lajes, se coloque brita, ou seja, que o
terreno que abriga o abrigo terá que ser também restaurado pela empresa. É uma
idéia, não sei. Mas quem sabe se pensa nisso também.
A Sra. Bernadete Vidal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Ver. Frederico Barbosa, acho que está faltando um pouquinho de sensibilidade e
está faltando, como em toda a Prefeitura, fiscalização. Lá onde moro, na Rua
Camaquã, eles tiraram o abrigo onde estava uma poça d’água, passaram por uma
calçadinha e colocaram lá na outra poça d’água. Isso parece que está acontecendo
em toda a Cidade. Não há um pouquinho de critério, de seriedade para ser feito
este trabalho. Onde é que anda a fiscalização? Falamos em propaganda, muito
bem. Mas e a fiscalização para controlar tudo isso?
O SR. FREDERICO BARBOSA: Exatamente, Vereadora. Agradeço o aparte de V. Exa.,
assim como agradeci anteriormente também, e digo que V. Exa. acerta na mosca,
ou seja, nós estamos reclamando hoje do que já aconteceu em termos de
deterioração dos atuais abrigos colocados na Cidade de Porto Alegre,
principalmente em alguns aglomerados. Estamos, como lembra o Ver. Aranha Filho,
diante de uma idéia já veiculada no Município de um projeto de lei que deverá
vir a esta Casa, concedendo concessão para colocação de abrigos com propaganda
que certamente, no meu ponto de vista, se apoiado por um parecer dos órgãos
técnicos da Prefeitura e da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, poderão,
somente, vir a beneficiar a população de Porto Alegre. Mas, não tem sentido se
nós continuarmos a repor ou a recolocar novos abrigos que, certamente, nenhuma
empresa privada irá investir, a não ser em material que possa estar divulgando
a sua razão social e seus produtos, não tem sentido que se coloque tudo isto e
se bote leis e se continue a destruir o que existe na Cidade à disposição da
população, o que já é muito pouco como esses abrigos que aí estão.
O Sr. Werner Becker: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Sou favorável, mas tudo com licitação, concorrência, para que uma empresa não
monopolize como ocorreu com os relógios.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Eu agradeço o aparte de V. Exa., que honra o meu
pronunciamento.
O Sr. Aranha Filho: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Não deixa de ser
uma venda de espaço, nobre Vereador. A minha pergunta é se passou pela Câmara o
projeto nesse sentido, se está encaminhado. Eu já vi um abrigo, pelo menos eu
vi, e a cada dia muda de cor e de dizeres. Agora está lá “Classe A”. Eu quero
saber como é que aconteceu tudo isto. Gostaria de saber se esta lei passou pela
Câmara, se a Câmara votou nesse sentido.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Presumo que conheço a mesma coisa que V. Exa., Ver.
Aranha Filho, que há uma idéia do Executivo de enviar a esta Casa uma proposta
de concessão de colocação de abrigos nas mais variadas paradas de transporte
coletivo desta Cidade, evidentemente, a empresa privada usando como meio de
divulgação de seus produtos e de suas marcas. Mas desconheço que qualquer
projeto tenha ingressado nesta Casa até porque minha preocupação específica do pronunciamento
de hoje é com estes que aí estão, porque, neste sentido, estão completamente
deteriorados e se nós continuarmos sem fiscalização, como disse o Ver. Flávio
Coulon, como disse muito bem a Ver.ª Bernadete Vidal, não adianta entrarmos com
novos abrigos que serão quebrados após sua colocação, poucos dias depois. Sou
grato.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Gladis Mantelli): Com a palavra, o Ver. Caio Lustosa.
O SR. CAIO LUSTOSA: Sra. Presidente, Srs. Vereadores, um dos mais sérios problemas dos
aglomerados urbanos do Brasil de hoje é, indiscutivelmente, o da carência de
habitações.
Há defasagem entre as necessidades de teto,
principalmente na população de pouca ou quase nenhuma renda, e a capacidade
deste sistema habitacional, hoje falido, de gerar habitações.
Para exemplo disso, basta ver o caso de Recife,
Capital Pernambucana, que só no período de 1979 a 1985 teve a demanda de
moradia acrescida em 47% na região metropolitana, em seis anos apenas.
Certamente, casos semelhantes se aplicam na região metropolitana de Porto
Alegre. Daí por que não é de se pasmar - como inclusive têm ocorrido com
administradores e governantes até do meu Partido - que as ocupações de
conjuntos habitacionais, e que aqui na região metropolitana, nos últimos
tempos, chegou ao número de 15, de grandes conjuntos, no total de mais de 21
mil unidades, tenham ocorrido e se processem de forma organizada, por que não
dizer, de parte dos setores da comunidade que, cansados de esperar pelas
soluções nunca completadas de BNH, COHAB, etc. resolveram enfrentar o problema
pelos seus próprios meios, enfrentando, inclusive, o risco da repressão. Nós
temos acompanhado, junto com outros Vereadores, e requeremos uma Comissão
Externa para, nos limites do Município, acompanhar este processo de ocupação. É
necessário um trabalho intenso por parte dessas comunidades que hoje têm, até,
num processo de auto-organização por demais louvável e que deveria merecer
atenção dos governantes. Essas comunidades têm até um fluxograma de encaminhamento
de suas propostas para superar esta fase absurda de milhares de apartamentos,
conjuntos, desocupados, depredados entregues à destruição natural e, até,
provocada e, de outro lado, milhares de cidadãos sem moradias. Já existe, hoje,
uma frente de defesa dos direitos de morar que, integradas por correntes
político-ideológicas as mais diversas, mas, principalmente, enfrentando um
esforço de auto-organização, vêm enfrentando este problema.
Hoje mesmo tivemos oportunidade, junto com outros
Vereadores integrantes da Comissão Externa para acompanhamento do processo das
ocupações em Porto Alegre, tivemos oportunidade de receber uma Comissão do
Parque dos Maias que participa desse esforço conjunto em relação a todos os
conjuntos habitacionais, a todos os blocos que receberam ocupação nos últimos
tempos na região metropolitana. Têm ocorrido, é certo, problemas, inclusive com
parcelas desses ocupantes, na prática, incidindo na prática da especulação do
negócio de chaves e coisas assim, mas, numa análise séria e completa desses
problemas, veremos que há sobretudo - e é isso que se deseja ressaltar - um
esforço de auto-organização daqueles moradores para, como disse, procurar
soluções alternativas ao problema habitacional. No Parque dos Maias, inclusive,
já hoje existe uma associação de moradores organizada em que, em seu seio,
ocorrem divergências, até disputas, pela hegemonia e pela direção daquele
esforço comunitário. Mas o que sobreleva, que é de se ressaltar, é o esforço de
auto-organização e a busca permanente que esses companheiros têm feito para
procurar reverter a despolítica habitacional existente no País.
Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o que é certo é que,
com a falência do ex-BNH, com a não-menor falência das COHABs, os inquilinos e
os aspirantes a mutuários para aquisição de uma moradia ficaram à mercê de
administrações despreparadas e desarticuladas a essas soluções, desses
problemas. Eles, então, vêm dando um exemplo de auto-organização que é
sumamente louvável. Mas, como disse também, não são pequenos os tropeços que
sofrem nessa caminhada. E, hoje, a Comissão do Parque dos Maias nos trouxe -
aos Vers. Lauro Hagemann, Artur Zanella, Rafael Santos, presentes, esta manhã,
na reunião com aqueles moradores - problemas que são aparentemente menores, mas
que são importantes para que eles consigam avançar no seu processo de
organização e criação de estruturas mais democráticas em que os próprios
moradores decidam e resolvam a sua vida neste conjunto.
Assim, por exemplo, está ocorrendo lá no Parque dos Maias
um tropeço quanto à solução do problema elétrico, tanto das vias públicas
quanto das instalações internas dos conjuntos. E, por incrível que pareça, esta
Comissão tem andado de Heródes para Pilatos, na CEEE, na SMOV, em busca das
plantas das redes elétricas. Há um comezinho indispensável para que aqueles
conjuntos construídos pela Guerino, um grupo poderoso da construção civil,
pusessem à venda, como tentaram fazer no passado e malograram, aquelas
unidades. Pois é incrível que nem na CEEE, nem na SMOV se consigam cópias
dessas plantas para que os moradores, não esperando que a CEEE vá lá
paternalisticamente, talvez, lhes resolver o problema, mas que eles próprios
assumam isto e possam fazer pequenos contratos de empreitada para a solução
dessa carência de rede elétrica. E a demanda pelos caminhos da burocracia pela
Estatal, a CEEE, e da Prefeitura tem sido algo que vem dificultando o trabalho
de auto-organização dessa comunidade.
Mas tem um aspecto mais caro: é que não se sabe porque
interferência de ordem político-partidária, muito mesquinha até, uma das
quadras desse conjunto, a quadra 1, que está sob a tutela de determinada facção
política, esta teve atendimento e a planta apareceu.
Então, está ocorrendo, isto sim, um abuso de poder, um
desvio de poder que nós vamos detectar e denunciar de alguém, e o Ver. Lauro
Hagemann diz que está clara esta autoria, e que, no entanto, deve ser
denunciada e deve ser contornada e, por isso, a cobrança que estamos fazendo,
aqui, tanto à SMOV, como à CEEE, para que as plantas apareçam e que os
moradores possam empreender a instalação da rede elétrica indispensável à vida
de um conjunto habitacional.
O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Vereador, não
tenho a mínima perspicácia do Ver. Lauro Hagemann, gostaria de que V. Exa.
anunciasse o nome da sigla partidária que está conseguindo resolver esse
problema. Porque, quem sabe até, Ver. Caio Lustosa, a gente encaminhe, porque
diariamente, vêm pessoas nos procurar aqui, e a gente encaminha para essa
sigla, já que eles resolvem o problema.
Mas, meu aparte, Ver. Caio Lustosa, não diz muito em
relação ao que V. Exa. está falando, mas diz em parte. Eu acho que o Brasil e
aqui, talvez até vá um “mea-culpa”. Acho que se cometeram erros muito graves nesses
grandes conjuntos habitacionais, acho que foi o maior erro do BNH. Nós tivemos
algumas experiências e aí é que quero dar minha participação no discurso de V.
Exa. Algumas experiências da comunidade de que eu participei, por exemplo,
reunimos um grupo pequeno de pessoas e constituímos uma cooperativa,
construímos um conjunto habitacional com 74 apartamentos. Aqui no Bairro
Cristal, na Faixa Preta, em um terreno em que se preservaram as árvores. É um
belíssimo recanto. Hoje, todos os que moram lá estão felizes, sem problema
nenhum. Quando a comunidade tem condições de discernir e participar na solução
de algum problema efetivamente, tem-se resultado.
O SR. CAIO LUSTOSA: V. Exa., Ver. Hermes Dutra, antecipou, de certa forma, a conclusão
deste nosso pronunciamento, no sentido de que, justamente, é pela
descentralização deste e de outros setores da vida brasileira que poderemos
fazer, realmente, algo de concreto, na solução efetiva, por exemplo, da questão
da moradia. O grande dromedário que se converteu, que foi o BNH, por todos
esses tempos, mostra que essas soluções centralizadoras enormes, com
burocracias imensas, só servem para se auto-alimentar, mas não para conduzirem
a soluções dos problemas. Eu acho que as administrações, tanto em nível
municipal como estadual, devem procurar aprender muito com o que está-se
fazendo hoje, em nível das próprias comunidades, de que é exemplo, repito, a
comunidade do Parque dos Maias. Aqui, sem entrar nesta picuinha que é um
incidente de favorecimento de certo setor político-partidário, tentando tirar
proveito desta situação, nós esperamos que se superem estes percalços. E para
isto houve uma sugestão razoável do Ver. Artur Zanella, integrante da Comissão
Externa desta Casa, para que o Parque dos Maias formule a sua problemática à
Comissão Externa, inclusive quanto às carências de atendimento dos vários
setores ligados à questão da moradia nos conjuntos. A Administração Estadual,
que já tem uma Comissão de alto nível, mas sobre a qual temos certo ceticismo
de que vá resolver algo e em nível Municipal que o Executivo se sensibilize
para que, sempre aceitando esse esforço de alta organização, se parta para
soluções geradas no próprio meio comunitário, superando soluções
centralizadoras e que, infelizmente, existem. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
A SRA. PRESIDENTE (Teresinha Irigaray): Pela ordem, com a palavra, o Ver. Cleom Guatimozim,
que cede seu tempo ao Ver. Jorge Goularte, que transpõe seu tempo ao Ver.
Werner Becker.
O SR. WERNER BECKER: Sra. Presidente e Srs. Vereadores, funcionários da Casa. Por uma
questão meramente de ética parlamentar, nesta transposição de tempo, queria
informar ao Ver. Cleom Guatimozim que eu ia usar o tempo cedido ao Ver. Jorge
Goularte, para tecer algumas críticas ao Prefeito Alceu Collares. E me parecem
merecidas, razoáveis e que, se os membros do PDT ouvirem com atenção, darão o
seu aplauso.
Queria levar mais tempo para me manifestar sobre o tão
falado Projeto Rio Guaíba, o Projeto Praia do Guaíba. Questão altamente
contenciosa e complexa. Mais uma vez, nestas questões, começam a ser debatidas
e discutidas. E, se me permitem, de forma toda errada.
Soube, hoje de manhã, aqui na Câmara de Vereadores,
que o Prefeito Alceu Collares estava reunido, a portas fechadas, com a Bancada
do PDT para discutir o Projeto Praia do Guaíba. Independente do mérito, ou do
demérito, do Projeto, que deve ser fruto de discussão, de estudo de vários
segmentos, setores e, fundamentalmente, desta Casa, eu diria ao Sr. Prefeito
que, se é verdade que o objeto da reunião era discutir com a Bancada do PDT o
Projeto, ele tem todo o direito, mas não me parece cordial e ético que seja
nesta Casa. Pode ser na Prefeitura, na sede do seu Partido, mas eu acho que
isto, no mínimo, começa a dar motivos e sinais do equívoco.
O Sr. Kenny Braga: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Trata-se de uma
questão muito importante, uma questão sensível e, a bem verdade, eu queria
fazer um esclarecimento. A reunião do Prefeito Alceu Collares com a Bancada não
tinha como objetivo a discussão “Praia do Guaíba”. Foi um encontro do Prefeito
com a Bancada, para discutir, analisar questões administrativas e do interesse
da Administração, de um modo geral. Todos os projetos do interesse da
Administração e do interesse da Cidade foram repassados nessa reunião. Mas a
informação dada por V. Exa., na abertura do discurso, de que a reunião visava,
única e exclusivamente, ao Projeto Praia do Guaíba, não é verdadeira. O
informante de V. Exa. mentiu!
O SR. WERNER BECKER: Mas o informante deste orador foi a imprensa! Era a imprensa que
estava aguardando a saída do Prefeito da sala! Se a imprensa mentiu, cobre V.
Exa. dos seus colegas.
O Sr. Jorge Goularte: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Somo-me a V. Exa. nesse pronunciamento, e quero dizer que estranho que na
matéria tenha saído que o Prefeito teve um encontro com os Vereadores, com as
Lideranças, coisa que não aconteceu nesta Casa. Por isso, é que deve ficar bem
claro que, se houve esse encontro, foi com os seus próprios Vereadores do PDT,
dentre os quais, com alguns ele não conta sempre, e muito menos pelo tempo
todo.
O SR. WERNER BECKER: Evidentemente que não é proibido, mas foi descortês e não-política
essa forma de comportamento. Para tratar de Projeto de alta relevância, a
portas fechadas com a sua Bancada, tem todo o direito de fazer, mas não me
parece cortês nem político.
O Sr. Ennio Terra: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Acho que V. Exa.
não foi bem-informado, porque o Ver. Frederico Barbosa chegou lá e o Prefeito
convidou-o para ficar.
O Sr. Raul Casa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Para apenas
contraditar, se o Ver. Frederico Barbosa esteve presente ou participou de uma
reunião do PDT, foi como Vereador; agora, a Liderança do PFL não foi
comunicada. E, hoje pela manhã, a imprensa me procurou para saber, exatamente,
se tinha havido esse encontro, e eu disse que o ignorava, e que tinha uma
curiosidade muito simpática pelo Projeto Rio Guaíba, mas que isso não tinha
chegado à nossa mão, e que eu achava, realmente, que estava havendo um certo
triunfalismo de parte do Executivo, com relação ao Projeto, embora ele não
tenha chegado às nossas mãos. Eu vejo com muita simpatia, mas devagar com o
andor, porque o assunto vai ser discutido em Bancada.
O Sr. Hermes Dutra: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Aproveitando o
seu discurso, eu quero dizer que os meus companheiros de Bancada indagaram
também se eu fui participar de uma reunião com o Prefeito. O jornal pode
noticiar errado, mas não inventa notícias. Alguém anunciou aos jornais que o
Prefeito vinha aqui discutir com as Lideranças. De minha parte, não fui
convidado. Sabia que o Prefeito vinha aqui para conversar com o Líder do PDT,
em função de uma conversa pessoal que tive com ele, ontem, sobre outro assunto.
Quero dizer que concordo integralmente com V. Exa. Já ganhou 10% de má-vontade
de minha parte, porque esta não é a forma de conduzir as coisas nesta Casa, e
eu já ando cansado de dar voto de confiança a esta Administração Socialista.
O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Ver. Werner
Becker, vou-me somar ao pronunciamento de V. Exa., para transmitir também a
estranheza absoluta do PMDB. Divulgaram a visita do Prefeito e o encontro dele
com as Lideranças, comprometeram as Lideranças perante os seus comandados, a
imprensa veio em cima da gente e nós não sabemos absolutamente nada. A coisa
acabou se transformando numa reunião a portas fechadas, com seguranças na
porta, comprometendo a nossa situação. Eu acredito que, ao contrário do que
dizem, o Prefeito não veio tratar do art. 44 aqui para este Projeto e, sim,
veio acertar uma explanação do Projeto, que ele já explanou em vários locais,
só não explanou ainda foi nesta Casa, por onde deveria ter começado, e lá no
Conselho do Plano Diretor, onde também ele não foi. As coisas estão se armando,
e eu faço votos de que aquele seu Projeto a respeito do 44 entre em votação
antes do esquema ser montado aqui, porque, senão, vão ser 48 horas e nós vamos
entregar a orla do Guaíba à sanha dos incorporadores que andam por aí.
O SR. WERNER BECKER: Eu quero prestar uma informação. Fui convidado para discussão e
exposição do Projeto na Associação Comercial e lá compareci. Eu vou a qualquer
local, para descobrir qualquer assunto sobre Porto Alegre. Ao encerrar a
exposição, eu pedi o seguinte ao Sr. Prefeito: “Sr. Prefeito, tudo muito bem.
Não tenho condições, agora, de fazer uma análise deste Projeto, minha
assessoria não está aqui, só peço o seguinte, por uma questão de transparência,
não ponha esse projeto durante a convocação de Sessão Extraordinária”. Ele
prontamente me afirmou, e cumpriu a promessa, é verdade, que não colocaria o
Projeto em convocação extraordinária. Vejam, V. Exas., que não estou fazendo
uma crítica ao Sr. Prefeito; estou dando apenas a minha opinião, porque tenho o
direito de dar a minha opinião, Ver. Kenny Braga; politicamente não começou bem
a coisa.
O Sr. Kenny Braga: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) O Prefeito Alceu
Collares já realizou mais de 30 exposições, encontros com diversos segmentos da
sociedade porto-alegrense, explicando exaustivamente os motivos e objetivos
deste Projeto; quem não quis participar de mais de 30 encontros realizados em
Porto Alegre, à luz do dia, é porque não quis. Mas eu informo mais: esta Casa
terá a oportunidade de discutir o Projeto com a participação de todos os
Vereadores e das associações comunitárias, e logo, nos próximos dias, a
Presidência desta Casa estará tomando a iniciativa das convocações. Isso quer
dizer que estamos apressando uma crítica que é injusta. Quanto ao fato de V.
Exa., homem inteligente, estranhar que o Prefeito se reúna com sua Bancada aqui
na Câmara Municipal de Porto Alegre; o Prefeito se reúne com a Bancada onde ele
quiser, porque quando o PSB faz reuniões, não depende da autorização da Bancada
do PDT para a realização da reunião. E nós não dependemos de ninguém para
realizarmos as reuniões, onde quisermos, pode ser no Executivo e pode ser aqui
na Câmara Municipal, e de portas fechadas se quisermos que o seja. Só falta nos
tirarem o direito de o Prefeito se reunir com a Bancada, porque estamos
chegando no absurdo e o absurdo tem limites. Não podemos discutir o absurdo
nesta Casa.
O SR. WERNER BECKER: V. Exa. tem todo o direito de defender a sua posição;
só não me proíba de dizer que achei que, politicamente, foi um comportamento
insólito e não-cabível; V. Exa. defenda com toda a sua veemência as suas posições,
mas permita que eu defenda a minha, porque não sou obrigado a concordar com
tudo que V. Exa. diga; é procedente o que V. Exa. está afirmando, e eu não
estou tão sozinho, tem vários pares meus, de várias correntes partidárias, de
várias posições ideológicas que estão de acordo com ela, e até para preservar o
Sr. Prefeito. V. Exa. sabe como são polêmicos, V. Exa. sabe a necessidade de
transparência nessas questões. Minha crítica é do ponto de vista político.
Estou-me referindo à reunião de hoje.
O Sr. Flávio Coulon: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Já que o Ver.
Kenny Braga está se dispondo às explicações necessárias, gostaria que ele me
explicasse por que uma reunião da Bancada do PDT, fechada na Câmara de
Vereadores, foi anunciada como uma reunião das Lideranças?
O Sr. Kenny Braga: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Fui chamado ao
debate. Esta pergunta não pode ser dirigida a nenhum integrante da Bancada do
PDT, mas ao editor do jornal. A Bancada do PDT pode estar respondendo a alguma
coisa noticiada pela imprensa. Não me consta que a Bancada do PDT redija
notícias.
O SR. WERNER BECKER: O que me chama atenção em relação a esse assunto, um Projeto
extremamente polêmico e complexo, é que já basta tocar nele que todos se
ouriçam, uns a favor, outros contra, quando estou pedindo o direito de discutir
o Projeto.
O Sr. Aranha Filho: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Há pré-concepções
sobre o assunto, e o nobre Vereador aqui já disse “pela sanha dos incorporadores”.
Ele já está dizendo que já há corrupção no meio. Está aí no discurso, não sei
se V. Exa. captou, não sei se V. Exa. conseguiu recolher do Líder do PMDB esta
expressão. Está aí nos Anais.
O SR. WERNER BECKER: Ver. Kenny Braga, está aí porque eu quero a maior
transparência, por isso que eu não quero reunião de portas fechadas aqui nesta
Casa. Querem fazer? Têm direito, mas eu tenho o direito de não gostar.
O Sr. Kenny Braga: Então tu estás dizendo aí que quem faz transparência é o próprio PDT.
O SR. WERNER BECKER: Eu me propus a transformar este debate em alguma coisa
ampla, a título de insulto pessoal e do desaforo eu me afasto, porque não sei
discutir nestes termos. Eu fui eleito parlamentar e conheço a tribuna. Sala de
Redação eu deixo para o Ver. Paulo Sant’Ana.
O Sr. Caio Lustosa: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Diante desta
assertiva do Ver. Kenny Braga que a Administração Collares é muito
transparente, eu quero dizer que já existia um pré-contrato assinado entre o
Executivo e os Arquitetos Reunidos, há muito tempo, esta Câmara não sabia e
chegou no meu gabinete através de um xerox, saído lá de dentro e é esta a
transparência. Um contrato que deixa só com esse grupo de arquitetos o direito
de fazer todos e quaisquer contratos de natureza econômica sobre a área, que dá
o monopólio aos Arquitetos Reunidos. Agora, se isso é de forma transparente,
este contrato foi assinado, é um pré-contrato.
O SR. WERNER BECKER: Sr. Presidente, solicito tempo de Liderança para concluir. Mas, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, vejam as dificuldades e percalços que vamos
enfrentar em relação a isso, e tenho certeza de que o Sr. Prefeito é o homem
mais afeito a este tipo de debates, que é político experimentado, há de tomar
em consideração as minhas palavras sem tanta emocionalidade e paixão como tomou
o Ver. Kenny Braga. É mais experiente, está mais acostumado a essas coisas, e
mais, sabe bem os caminhos onde pisa, embora muitas vezes tropece em algumas
pedras e talvez dispense aconselhamentos.
Quero encerrar, também, este pronunciamento, dizendo que quero lançar o
meu protesto veemente em relação a uma nota subscrita pelo Arquiteto Rômulo
Krafta, que diz apenas o seguinte: “O depoimento de que na Câmara haverá
participação é ilusório. Os Vereadores têm demonstrado falta de competência e
discernimento para decidir coisas até mais simples.” Sr. Presidente e Srs.
Vereadores, talvez agora o Ver. Kenny Braga esteja entendendo a minha
preocupação. Quero dizer ao Arquiteto Rômulo Krafta que dia 15 de novembro do
ano que vem tem eleição. Ele que se inscreva num partido e venha concorrer
aqui. E, em relação a que nós não temos condições - e ele as tem, não sei da
onde, porque não conheço nenhum projeto dele -, quero dizer a ele que, com
muito orgulho desafio o Sr. Rômulo Krafta para fazer qualquer debate em relação
ao problema de Porto Alegre, Plano Diretor, porque quem não sabe nada sobre
isto é ele e quem dá palpite sobre tudo é ele. Parece que abriu o debate
pedindo prudência de todos os lados. Penso que este Projeto não caminhe com
velocidade de tal forma que nos dê, inclusive, constrangimento para examiná-lo
e votá-lo em partes ou em todo, num e noutro sentido. Não vamos brincar com
alguma coisa que é muito séria, porque esta Casa está pagando um preço muito
alto pelo art. 44, pelos Pedidos de Urgência, está pagando um preço muito alto
em relação à sua transparência, que não é monopólio do PDT a sua moralidade
perante a opinião pública, ensejando essas afirmativas levianas, baratas, e que
da minha parte quero resposta em debate público com este cidadão, sob pena de
que ele passe à pecha de inepto, irresponsável e leviano. Pode vir discutir
comigo aqui ou em qualquer lugar, não que eu saiba mais do que alguém, é que
ele não sabe nada do que fala. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Jaques Machado): Liderança com o PDT, Ver. Cleom Guatimozim. V. Exa.
tem 5 minutos.
O SR.
CLEOM GUATIMOZIM: Sr. Presidente,
Srs. Vereadores. Efetivamente o Prefeito Alceu Collares esteve hoje aqui nesta
Casa, numa homenagem a esta Casa. Veio até aqui para, junto com a Bancada do
PDT, seu Partido Político, examinar a tramitação de alguns projetos. É verdade
que o Projeto Rio Guaíba também foi debatido porque é de grande
importância. Mas outros projetos também foram debatidos como a criação do cargo
de Vice-Prefeito, dos Conselhos Populares, como a Casa da Criança, a venda das
áreas do Centro da Cidade e também o Projeto Rio Guaíba. Vejam que o Prefeito,
ao se deslocar da sede do Paço para vir a esta Casa, está homenageando a Casa e
especificamente a sua Bancada, em comparecer no Gabinete da Presidência, em
cumprimentar todos os Vereadores que lá estiveram, e muitos Vereadores foram lá
cumprimentar o Prefeito, receberam dele a maior atenção, e ele iria também nos
gabinetes cumprimentar os Vereadores. A verdade que o Prefeito Alceu Collares
sempre demonstrou um grande respeito a esta Casa como ex-Vereador e como
parlamentar em nível federal. É claro que estes projetos que visam transformar
esta província de Porto Alegre numa metrópole geram oposições. Têm os
favoráveis e os contrários, as idéias são respeitáveis; os motivos são
políticos, são administrativos, são filosóficos, são fisiológicos, mas eles
estão aí. Se uma administração não puder cumprir o seu roteiro e der ouvidos a
todos os que falam, alguns que não são insignes e ficantes, são insignificantes
mesmo, como há pouco foram relatados nomes nesta tribuna, até pelo Ver. Werner
Becker, que eu nem conhecia este cidadão. Acho que alguns gostariam de uma
Câmara com 33 pessoas, exatamente, que não racionassem em nível político. Vejam
que este Projeto gerou inveja em um grupo de arquitetos. O Prefeito respondeu
bem, dizendo que um só Arquiteto planejou Brasília, mas lá é um nível mais
elevado, essas picuinhas de inveja não foram despertadas lá. Então, o cidadão
planejou uma cidade inteira e não uma margem de um rio, não 5 Km, não uma pista
de carnaval. Mas, eu, sinceramente, cozido em água fervendo de tantos anos
nesta Casa, não me abalo e nem me abate, eu acho que tem que haver estas
oposições. Se um Projeto é apresentado e não surge oposição, eu acho que
devemos parar para pensar porque não preocupou ninguém, não deve ser bom. Há
poucos dias, o Prefeito me dizia: “mas até aqueles mais amigos, aqueles que a
gente confia às vezes aparecem com uma tese”. E eu lembrava uma frase de
Maquiavel: “Os teus inimigos são todos aqueles que se sentem ofendidos, porque
tu exerces o principado”. Então, esses inimigos que eu chamaria de opositores
as idéias, não são inimigos de morte, são idéias, eles se apresentam em todas
as oportunidades, em todas as ocasiões para uma administração que alguns
Vereadores aqui, inclusive, reclamam muito para o socialismo moreno. Nós somos
brasileiros, nós não somos racistas, o nosso socialismo é moreno, pena que não
é negrão. O nosso socialismo é moreno, é a raça brasileira, é aquele que
descende daqueles que vieram nos navios negreiros que plantaram os cafezais e
os canaviais nesta terra e que deram o impulso inicial para a formação desta
terra. Então o nosso socialismo é o socialismo moreno com muito prazer para nós
e com muita honra para nós é um socialismo popular.
Então, Sr.
Presidente e Srs. Vereadores, os Projetos apresentados aqui, nesta Casa, claro
que têm oposições, eu sou daqueles que respeitam as oposições e as idéias e
tiram delas um ensinamento. São idéias neste caldeirão fervendo nesta Casa que
representam tudo aquilo que eu já disse, então, quero apenas ressalvar esta
posição. O Sr. Prefeito Municipal tem vindo a esta Casa, não só discutir com a
sua Bancada. Mas tem vindo a esta Casa, no Plenário, discutir com todos os
Vereadores os projetos e, até quando não solicitado, ele se apresentava
voluntário usando dispositivos regimentais e orgânicos desta Casa.
Então acho
perfeitamente normal que ele venha a esta Casa discutir com a sua Bancada,
assim como veio em outras oportunidades discutir com todos os Vereadores,
inúmeros projetos. Sou grato.
(Não revisto pelo
orador.)
O SR.
PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver.
Jorge Goularte, em tempo de Liderança.
O SR.
JORGE GOULARTE: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores, a respeito deste assunto, é bom que as oposições desta Casa fiquem
atentas. O Prefeito Municipal parece que quer administrar com a sua Bancada,
apenas. Então, é bom que saibam que este Projeto vai ser muito bem estudado e
que não vai ser assim, como o Sr. Prefeito faz com a sua Bancada, que vai
acontecer com as outras Bancadas.
Evidentemente
que este cabresto não vai caber nas outras Bancadas. Há que se estudar, com
tranqüilidade o voto a ser dado neste Projeto que não é Projeto Rio Guaíba, é
Projeto Praia do Guaíba.
Mas, Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, trago ao conhecimento da Casa que estou elaborando
um Substitutivo ao Projeto da nobre Ver.ª Teresinha Irigaray, que quando entrou
o Projeto era Chaise, mas agora é Irigaray. O Projeto é tão antigo, nada
contra. É apenas uma observação.
Mas este
meu Substitutivo - modesto Substitutivo - pretende dirimir algumas dúvidas e
tirar alguns privilégios que encontramos no Projeto: o Projeto do sábado
inglês. Impropriamente chamado de sábado inglês, porque quem vai à Inglaterra
compra até aos domingos e, baseado nisto, é que veio o meu Substitutivo que é a
ampla liberdade ao comércio de segunda a domingo. Projeto amplo. O meu Partido
defende a livre iniciativa. Querem mais livre iniciativa do que isto? Então
pode trabalhar à noite, de madrugada, desde que cumprido - aí é que está - o
que consta na Constituição e na CLT e principalmente na nova Constituição, que
diz que o horário de trabalho é até 8 horas.
Vejam bem a profundidade do que estamos analisando: ninguém quer que o
trabalhador seja sobrecarregado, pelo contrário, eu quero que se amplie o
mercado de trabalho com novos turnos para que possam as pessoas desempregadas,
passando necessidade, terem uma condição de trabalho. E eu pergunto às
donas-de-casa se não querem que os supermercados abram aos domingos? Se não
querem que abram o “shopping” aos domingos? Se não querem que todo o comércio
do Centro de Porto Alegre funcione? E os turistas que nos visitam?
O Sr. Paulo Sant’Ana: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.)
Eles acham que domingo a Cidade deve parar.
O SR. JORGE GOULARTE: É verdade. E pára mesmo, Vereador.
O Sr. Paulo Sant’Ana: Nos domingos, nem ônibus tem.
O SR. JORGE GOULARTE: Então, os turistas que nos visitam pouco terão uma
atração maior. Eu pergunto: quando se vai às grandes cidades nas capitais
européias, não se compra aos domingos? Sim. Então, o meu Projeto não distingue
ninguém. Dá ampla liberdade e é simples e modesto. Aliás, eu soube que há outro
Vereador na Casa, o Ver. Pedro Ruas, que está querendo apresentar um
Substitutivo chamado “segunda-feira portuguesa”, que é não trabalhar
segunda-feira pela manhã. São idéias. O meu Projeto é amplo e dá liberdade, sem
nenhum privilégio, e eu espero que este Substitutivo seja apreciado pelos
Vereadores e que existam mais oferecimentos de vagas, com a formação de novos
turnos, que haja novas turmas e que esse funcionamento possa dar a Porto Alegre
uma condição melhor de Capital mesmo e não como acontece atualmente, uma Cidade
que, há muito, está deserta, fantasma. Por isso, essa comunicação que faço. O
Ver. Kenny Braga faz uma colocação e, aliás, nós, um grande número de
Vereadores somos tidos como traidores dos comerciários. Ora, quem trai é quem
oferece algo e não cumpre. Jamais este Vereador - principalmente - esteve no
Sindicato dos Comerciários para dizer que votaria a favor do sábado inglês.
Pois quero que eles analisem profundamente a minha idéia e vejam que desejo
simplesmente aumentar o número de vagas, aumentar o oferecimento de trabalho. O
que o País precisa é de trabalho. Sou contra o seguro-desemprego. Quero o
emprego seguro. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Flávio Coulon.
O SR. FLÁVIO COULON: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, o tempo haverá de nos dizer por que
a reunião, de hoje, anunciada como do Sr. Prefeito com as Lideranças das
Bancadas, acabou-se transformando numa reunião do Sr. Prefeito com a Bancada do
PDT, com segurança na porta e de portas fechadas. Vamos descobrir por que isso.
O que existe por detrás disso.
O que me traz à tribuna é justamente o tipo de argumentação e o tipo de
linguagem que estão sendo utilizadas pelo Executivo, nos primórdios dessa
execução. O Executivo que se diz um governo democrático, já fez - segundo ouvi
falar aqui - 30 exposições desse Projeto a várias entidades. E considera isto
uma ampla discussão com a sociedade. Monta-se um esquema com slides, com parafernália
eletrônica, monta-se uma série de desenhos, fala-se sobre esses desenhos e isto
é o debate com a comunidade, em primeiro lugar. Em segundo lugar, nas primeiras
análises um pouco mais sérias a respeito do Projeto, feito pelos órgãos
competentes, Instituto dos Arquitetos, por exemplo, a discussão é colocada no
nível do ciúme, da raiva, da inveja. Ora, isto é uma coisa muito pequena.
Ora, o que estamos solicitando, e que precisa ser entendida a mensagem
para PDT, que, apesar de o Ver. Werner Becker ter colocado muito bem aqui, que
não entendem ou que não querem entender, é que o Prefeito recupere - eu não li
Maquiavel com tanta atenção como o Ver. Cleom Guatimozim - mas quero que o
Prefeito recupere o seu principado. Ele abre mão do seu principado para uma
equipe de arquitetos que desenhou, pintou e bordou, que vai ser o futuro desta
Praia do Guaíba. Ele tem que resgatar para ele, para o Executivo, este poder de
decisão, que ele aliena, que ele não tem competência para isso.
Não vou defender o Arquiteto Rômulo, primeiro porque não tenho
procuração, segundo, porque acho que ele, falando pessoalmente, externou uma
opinião com a qual não concordo, a respeito dos Vereadores, e tem direito de
falar mal dos Vereadores, porque assinou embaixo e vai sofrer a conseqüência
disso.
O que nós estamos reivindicando é o que o Ver. Werner Becker já colocou
aqui, é uma discussão ampla. É a oportunidade de perguntarmos, de verificarmos
as nossas dúvidas, de esclarecermos. É a oportunidade de que seja dada à
população, de dizer o que ela quer em termos de Rio Guaíba. Não adianta ficar,
porque é o tipo de conversa que eu sempre acho, quando esses projetos polêmicos
vêm para cá, que a Oposição é Oposição porque quer ser contra o Prefeito Alceu
Collares, que é grande iluminado desta Cidade, porque ele sabe o que é bom.
Quem é contra, é porque é contra a magnificência desse Prefeito. É que não tem
competência para entender o que só o Executivo consegue entender. Então,
dividem-se as pessoas. Aquelas que são a favor são as iluminadas. E os que são
contra são sempre contra, porque têm que ser contra, porque são incompetentes,
porque são sectários. Porque querem o fim da Cidade e querem votar contra o
Governo do PDT. Esse tipo de colocação é que tem que terminar nesse tipo de Projeto.
As pessoas têm que ter um pouco de humildade e prática democrática. É isso que
estamos pedindo. Não adianta colocar esse socialismo moreno aí, como socialismo
democrata, quando, em realidade, na prática, ele se traz miseravelmente. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O próximo inscrito é o Ver. Raul Casa. V. Exa. tem 5 minutos.
O SR. RAUL CASA: Sr. Presidente; Srs. Vereadores, pois o Projeto nem ainda é de
conhecimento, tecnicamente, administrativamente na Casa, já gera uma polêmica
que não deixa de ser, também, democrática, talvez seja pelas veementes e
entusiastas posições do Sr. Prefeito pela magnitude, como diz o ilustre Líder
do PDT, do Projeto ou pela sanha dos incorporadores, como diz o Ver. Flávio
Coulon, tudo isso não deixa de ser uma discussão preliminar, apenas um
aquecimento daquilo que nós vamos ter aqui. O Projeto, pelo que tomamos
conhecimento e participamos, também, na presença ilustre do Sr. Prefeito
Municipal, não hoje, mas inúmeras vezes, quando o mesmo foi anunciado lá no
Teatro de Câmara da Prefeitura, com a maciça presença, não apenas de defensores
do Projeto, mas também de pessoas que se posicionaram agressivamente contra o
mesmo, considero um fato normal. Realmente, pelas notícias que temos, pelo
conhecimento perfunctório da matéria, pelo conhecimento superficial desta, nós
vamos verificar que, realmente, é um planejamento grandioso, que vai marcar a
Administração do Sr. Prefeito e que, tenho certeza, ele não poderá cumprir
sequer, na sua gestão, um décimo daquilo que se propõe. Mas nós, que temos a
responsabilidade de analisar, discutir e aprovar esse Projeto, certamente
haveremos de ter, também, respostas para algumas dúvidas, como, por exemplo,
como fica o Projeto aprovado pela própria Prefeitura Municipal, de um “shopping
center” na Maguefa. Há trezentos metros de um “shopping center”, pretende-se
construir outro! Como fica a legalização que o Sr. Prefeito tem buscado
esclarecer e redimir as dúvidas sobre a verdadeira propriedade do terreno e
quem são os proprietários do terreno onde se pretende construir? Por isso, eu,
pessoalmente, coloco-me de forma simpática à idéia, mas tenho certeza de que
muitas dúvidas, no decorrer dos debates, haverão de ser esclarecidas. Por que o
que se pretende, e o Prefeito não se cansa de dizer isso com veemência, é se
fazer uma nova Copacabana dentro de Porto Alegre. A nossa Bancada que, num
primeiro momento, se mostrava totalmente simpática à idéia, agora, já perdeu o
primeiro entusiasmo da grande idéia, já passa a fazer alguns questionamentos,
já passa a fazer perguntas legítimas que eu tenho certeza, e o entusiasmo e o
sentido do espírito público do Sr. Prefeito nunca desmentido, haverão de nos
tranqüilizar a respeito da matéria. Por isso, fica a posição do PFL, que é de expectativa,
sem dúvida simpática, mas perfeitamente alertada para os percalços que esse
Projeto apresenta do ponto de vista administrativo e do ponto de vista legal.
Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Liderança com o PDS. Ver. Hermes Dutra por 5 minutos.
O SR. HERMES DUTRA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. Eu não posso deixar passar a
oportunidade, Ver. Flávio Coulon, de comentar uma coisa que V. Exa. falou e
sentiu na carne. V. Exa. disse que o Prefeito está com a mania de quem é contra
o Projeto é contra a Cidade e que não aceita isto. Eu concordo com V. Exa. Mas
esse mesmo argumento foi usado por aqueles que votaram a favor das Emendas do
Plano Diretor, dizendo que estavam contra a Cidade. Para aqueles que, como eu,
votaram contra o Projeto das creches, quando esteve aqui pela primeira vez, e
expliquei porque era contra as mudanças do Plano Diretor, dizendo que eu era
contra as criancinhas. O bom, Ver. Flávio Coulon, é nunca se cuspir para cima,
usando uma expressão bem popular. Esta Casa tem que aprender a conviver com as
idiossincrasias próprias da Casa, com as opiniões diferentes, com os votos
diferentes, e sempre serão assim. E, se nós não quisermos sobreviver como
Instituição, nós temos que defender com igual ou mais ardor o voto contrário ao
nosso e, sobretudo, com respeito. Faço esta colocação porque, nesta Casa,
lamentavelmente, de vez em quando, surge esta mania de pichação. E faço no
momento em que o Prefeito está fazendo esta pichação contra aqueles que são
contra o Projeto. Eu dizia ao Ver. Paulo Sant’Ana, há pouco, que consultei dois
Secretários do Planejamento do meu Partido, um é a favor, outro é contra.
Quero, também, não deixar de transitar em julgado a questão do Prefeito
vir à Câmara e se reunir com o PDT. O Sr. Prefeito tem o direito de se reunir
com o PDT em qualquer lugar, mas não tem o direito de se trancar no Gabinete do
Presidente para se reunir com a Bancada do PDT. O Gabinete da Presidência é
para uso de todos os Vereadores, não da Bancada do PDT para reuniões
esclarecedoras com o Sr. Prefeito Municipal. Então, um Vereador quer entrar no
Gabinete da Presidência e não pode, porque o Prefeito está reunido com a
Bancada do PDT, é, no mínimo, uma coisa estranha, porque eu tenho tanto direito
de entrar ali, quanto tem V. Exa. e quanto qualquer outro Vereador.
Outra questão que eu acho muito importante repetir. Efetivamente, eu
fui cobrado pelos meus companheiros de Bancada e por outras pessoas sobre o
Projeto Praia do Guaíba. Se tivesse sido uma reunião com as Lideranças, eu nem
poderia ter comparecido, porque já tinha outro compromisso assumido. Uma
reunião desta magnitude deve ser programada com antecedência, não pode ser de
um dia para o outro. Então, este Projeto, o Ver. Raul Casa disse que tem uma
certa simpatia inicial pela idéia, e eu quero deixar bem clara uma posição, eu
acho que, como idéia, ele é altamente válido, mas não quer dizer que eu vá
votar a favor. Na hora de operacionalização da idéia, aí é que a porca torce
rabo, para usar uma expressão popular para o Ver. Jaques Machado. Na
operacionalização da idéia, é que nós vamos ter que ver a questão como é que
ela vai ser. Então, nós não podemos estar aí a imaginar que o Sr. Prefeito vai
mandar um Projeto destes para cá e que, daqui a 15 dias, vai-se devolver o
mesmo o Prefeito, aprovado. Até porque existem prazos que devem ser cumpridos,
comissões que devem ser constituída, enfim, um processo legislativo que não
pode ser deixado de lado. Quero deixar bem claro que não faço qualquer alusão
com o Projeto do Plano Diretor, porque este entrou aqui em março e foi pedido o
art. 44 em junho. Vejam que há muita diferença. Agora, querer entrar hoje e,
daqui a 15 dias, querer que se dê uma aprovação ao Sr. Prefeito, é, no mínimo,
exagerado. Repito: particularmente sou simpático à idéia, mas isto não quer
dizer que vou votar favoravelmente à operacionalização da mesma. Aí é que vamos
ver como ficam as coisas. Quero, por fim, lamentar as declarações deste cidadão
que eu não conheço e que alguém até me disse que foi funcionário da Prefeitura
ao tempo em que o meu Partido detinha o poder. Realmente, é um desrespeito com
a Câmara. Este é o mal de muita gente - não aceitar, democraticamente, as
coisas que não são as suas idéias. É o mesmo erro do Prefeito Collares, quer
dizer, é só a sua idéia que tem valor. Mas vejo neste cidadão aqui, Sr. Rômulo
não se das quantas, uma incompetência geral para apreciar até as coisas mais
simples. Mas que falta de respeito para com a Instituição. Isto aqui merece o
repúdio da Casa, o repúdio unânime de todos. Nós assinamos uma nota em repúdio
pelos "catiripapos" que levou a Ver.ª Jussara Cony, quando foi se
sentar à frente do ônibus, que já era uma questão duvidosa, porque eu não sei
se a função do Vereador é se sentar na frente de um ônibus, para não deixá-lo
sair. Mas, em defesa da Instituição, eu assinei a nota, que muita gente me
cobrou na rua, em solidariedade à Ver.ª Jussara Cony, porque foi um desrespeito
ao Parlamento. E isto aqui é um desrespeito ao Parlamento! Se nós calarmos sobre
isto aqui, hoje, amanhã vão nos jogar pedras e, depois de amanhã, vão nos
enfiar uma baioneta! O Parlamento não pode aceitar isto passivamente. Eu, de
minha parte, vou avaliar isto aqui e talvez até proponha uma moção no sentido
de que este cidadão é "persona" não grata para a Câmara de Vereadores
de Porto Alegre e que vá pregar estas coisas onde bem entender, mas que
respeite aqueles que estão aqui eleitos pelo povo e não eleitos por uma
categoria cuja eleição não foi nem fiscalizada, que não teve a capacidade de se
candidatar e de buscar voto para vir para cá e ficar nos seus pasquins a querer
desmoralizar o nome da Casa. Se há coisa que me irrita é isto e não aceito e
assim como assino, e o faço até em termos de cobrança das Lideranças.
Assim como assinei uma Moção de Apoio à Ver.ª Jussara Cony porque levou
umas cacetadas porque se sentou na frente do ônibus, não por ser uma Vereadora,
mas porque achei um desrespeito ao Legislativo, acho que as Lideranças desta
Casa não podem deixar passar em branco isto aqui.
Caso contrário, outro dia o presidente da Associação do
raio-que-o-parta vem-nos xingar e vamos ficar ao sabor de quê? Lamento pois sei
que têm amigos deste cidadão aqui, mas o erro tem de ser corrigido e a correção
deve-se manifestar de forma unânime, como foi feito no caso da Ver.ª Jussara
Cony. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Solicito ao Sr. Secretário “ad hoc” que proceda à verificação de
“quorum” para iniciarmos a Ordem do Dia.
O SR. SECRETÁRIO “AD HOC” (Jorge Goularte): (Procede à verificação de “quorum”.) Há “quorum”, Sr.
Presidente.
O SR. PRESIDENTE: Passamos, então, à
ORDEM DO DIA
DISCUSSÃO GERAL E VOTAÇÃO
(Adiada por uma Sessão)
PROC.
1118 - PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO LEGISLATIVO Nº 05/87, do Vereador Hermes Dutra, que acrescenta
parágrafo único ao artigo 9º da Lei Complementar nº 7, de 07 de dezembro de
1973.
Parecer:
- da Comissão Especial, Rel. Ver. Artur Zanella,
pela aprovação.
O SR. PRESIDENTE: Sobre a mesa, Requerimento de autoria do Ver. Hermes Dutra,
solicitando que o PLCL nº 05/87 - Proc. nº 1118/87 tenha adiada a sua discussão
e votação por uma Sessão.
Em votação o Requerimento. (Pausa.) Os Srs. Vereadores que o aprovam
permaneçam sentados. (Pausa.) APROVADO.
(Obs.: Foram aprovados os demais Requerimentos constantes na Ata.)
A seguir, a Mesa vai submeter ao Plenário o Requerimento de autoria do
Ver. Cleom Guatimozim, solicitando que o Proc. nº 1402/87, PLE nº 38/87, seja
considerado em regime de urgência.
O SR. CAIO LUSTOSA (Questão de Ordem): Não há “quorum” para votar este Requerimento.
O SR. PRESIDENTE: A Mesa informa que fez a verificação de “quorum” há questão de 2 ou 3
minutos.
O SR. CAIO LUSTOSA: Não existe “quorum” para votação do Requerimento. Há “quorum” só para
continuar a Sessão.
O SR. PRESIDENTE: Não havendo “quorum” para dar continuidade à Ordem do Dia, os
trabalhos deverão ser suspensos como informa a Assessoria da Casa.
(Levanta-se
a Sessão às 16h24min.)
* * * * *